Conheça mais sobre o transtorno bipolar: características, sintomas e tratamento
Quando se pensa em transtorno bipolar, é muito comum relacioná-lo a uma pessoa que apresenta instabilidade em decisões ou ideias rapidamente. Esse pensamento é totalmente errado, pois não apresenta correspondência sobre o que é o transtorno.
Como ainda existem muitas dúvidas sobre o que realmente caracteriza o transtorno bipolar, este artigo visa esclarecer o que é essa doença, as suas possíveis causas, seus sintomas e tratamentos, bem como seu diagnóstico, que pode levar até 10 anos para ser fechado.
Continue a leitura e entenda de uma vez por todas o que é o transtorno bipolar.
O que é o transtorno bipolar?
Antes conhecido como transtorno maníaco-depressivo, o transtorno bipolar ou transtorno afetivo bipolar é caracterizado por episódios de euforia e depressão. Por isso recebeu, ao longo do tempo, essas duas denominações.
O indivíduo está nos polos desses dois tipos de comportamento, o depressivo, no qual não sente vontade ou motivos para efetuar suas atividades diárias, e o eufórico, em que tem sentimentos contrários aos da depressão, totalmente desproporcionais e exagerados em situações que não há motivos para a euforia apresentada.
Também pode haver momentos em que o indivíduo não apresenta nenhum desses episódios, sem sintomas do transtorno, ou, ainda, apresenta os episódios juntos. O estado de euforia pode ser mania ou hipomania, conforme a frequência, intensidade e duração do episódio.
Essas condições, entre episódios depressivos e maníacos, acabam impossibilitando a pessoa de ter uma vida considerada normal, resultando em ausências longas no trabalho, afastamento dos círculos sociais e familiares, isolamento total e muitas vezes falta de energia até para sair da cama durante o dia.
Quais são as causas do transtorno bipolar?
Ainda não há uma causa exata para determinar o que faz o indivíduo desenvolver o transtorno. Fatores genéticos são uma das possíveis, mas a ciência ainda não chegou em um consenso sobre isso. Fatores ambientais, como onde o indivíduo está inserido e que estilo de vida leva também podem ter alguma relação.
O que os pesquisadores já sabem é que a origem do problema está associada às alterações nos níveis de alguns neurotransmissores, substâncias produzidas pelo corpo que ajudam o cérebro a se comunicar, como serotonina e noradrenalina. É por meio desse conhecimento que o tratamento é realizado.
Quais são os tipos de transtorno bipolar?
Para tentar entender melhor o transtorno e viabilizar os melhores tipos de tratamento, ele foi classificado em dois tipos:
- transtorno bipolar I: caracterizado por episódios em que a mania e a depressão severa oscilam;
- transtorno bipolar II: episódios que oscilam entre depressão profunda e hipomania.
Quais são os sintomas do transtorno bipolar?
A desestabilização nos níveis de certos neurotransmissores que regulam o humor e a ansiedade refletem em sintomas que ajudam no diagnóstico do transtorno bipolar, bem como auxiliam na escolha do tratamento. Confira, a seguir, os sintomas do transtorno.
Episódios de depressão
Os episódios depressivos têm duração mínima de duas semanas e são como em um transtorno depressivo conhecido como unipolar ou maior, em que a pessoa apresenta:
- perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades que são comuns em sua vida;
- tristeza profunda sem motivo;
- alterações de apetite;
- sonolência excessiva;
- falta de energia;
- sentimento de culpa;
- sentimento de que não merece o que conquista ou o que já conquistou;
- dificuldade de concentração;
- pensamentos sobre morte e tendências suicidas.
Episódios de mania
Com duração de, no mínimo, uma semana, durante esses episódios, assim como nos depressivos, os neurotransmissores não estão regulados para inibirem certos comportamentos e a pessoa apresenta:
- hiperatividade (aumento da energia);
- irritabilidade;
- autoestima elevada;
- descontrole de gastos, realizando compras em excesso;
- impulsividade;
- insônia;
- psicose em casos mais graves, causando alucinações e delírios.
Episódios de hipomania
A hipomania é uma característica em que os episódios de mania são mais leves. A pessoa sente mais energia, necessitando de pouco sono, tem sua capacidade de concentração comprometida, maior produtividade em atividades de trabalho ou estudo e, geralmente, não apresenta surtos de compras, mania de grandeza e alucinações ou delírios.
É importante ressaltar que, durante o episódio hipomaníaco, a pessoa ainda apresenta condições de trabalhar ou ter relações sociais. Enquanto no episódio maníaco, mais grave, essas funções são amplamente prejudicadas e, dependendo dessa gravidade, a hospitalização é necessária.
Ciclotimia
Como o nome já diz, os distúrbios de humor ocorrem em ciclos, que envolvem períodos de hipomania, mas que não são totalmente iguais a um episódio hipomaníaco, e sintomas de depressão, mas que não são graves. Podem ocorrer várias vezes em um mesmo dia.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por meio de consultas com um psiquiatra, que deverá observar os sintomas e acompanhar o paciente ao longo de um tempo, para definir os melhores tratamentos para o caso.
Esse diagnóstico é demorado e complexo, pois deve-se eliminar outras doenças psiquiátricas das quais os sintomas são parecidos, como em transtornos de personalidade e depressão unipolar.
Além disso, o uso de drogas ilícitas, álcool ou medicamentos que podem estar causando os sintomas de transtorno bipolar deve ser investigado.
Quando o diagnóstico é fechado, as chances de aliviar os sintomas por meio do tratamento correto são bem maiores.
Como funciona o tratamento para o transtorno bipolar?
O transtorno não tem cura, mas por meio do tratamento, a pessoa consegue controlar os episódios de mania e depressão com maior frequência e, dessa forma, até levar uma vida normal, com o reestabelecimento de suas atividades diárias, como trabalho, estudo e relações sociais.
A combinação medicamentosa de estabilizadores de humor com antidepressivos é a melhor forma de tratamento utilizada hoje em dia. Antidepressivos sem associação com os estabilizadores de humor podem provocar episódios de mania. Também podem ser utilizados fármacos:
- antipsicóticos;
- antiepiléticos;
- ansiolíticos;
- hipnóticos.
Os hipnóticos ajudam na regulação do sono, o que é muito importante para melhorar a qualidade de vida da pessoa.
Infelizmente, o tratamento é praticamente efetuado por tentativa e erro, pois o paciente pode não reagir a um determinado grupo de antidepressivos, por exemplo, sendo necessária a troca do medicamento e o acompanhamento constante para saber como está o resultado desse tratamento.
A psicoterapia também é extremamente indicada, pois ajuda o indivíduo a entender e reconhecer quando está em cada episódio da doença e como tentar ter mais controle nessas situações.
O transtorno bipolar é uma doença pouco compreendida pela sociedade. A falta de informação das pessoas ao redor do indivíduo doente acaba agravando seus quadros de saúde emocional, por não entenderem exatamente pelo que ele está passando. As consequências são perdas de amigos, dificuldades de relacionamentos no trabalho e demissões ou cobranças exageradas por gestores que não entendem a gravidade dessa condição.
Por esses motivos, o dia 30 de março foi estipulado como o Dia Mundial do Transtorno Bipolar, com o objetivo de chamar a atenção para os riscos que o transtorno pode causar na vida pessoal, profissional e familiar da pessoa. Pois é importante promover o esclarecimento de como lidar com esse distúrbio e combater o preconceito sobre a doença.
Gostou do conteúdo? Continue sua jornada de conhecimento e leia mais este artigo sobre saúde emocional. Boa leitura!