Hanseníase: saiba mais sobre essa doença crônica
No dia 31 de janeiro é comemorado o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase.
Conhecida antigamente como lepra, a hanseníase pode afetar qualquer pessoa. Daí a importância de propagar a informação, um dos objetivos da campanha.
Além disso, o Brasil ocupa a infeliz posição de segunda maior incidência da doença no mundo, sendo o primeiro lugar ocupado pela Índia. Entretanto, segundo a OPAS —Organização Pan-Americana da Saúde — o Brasil é referência na Região das Américas em relação aos quesitos de capacidades técnicas, recursos humanos, estratégia, posicionamento político e solidariedade em compartilhar conhecimentos.
Neste post, você obtém informações sobre a doença e conhece um pouco mais sobre as questões em torno da história da hanseníase no Brasil. Não deixe de conferir!
O que é a hanseníase?
A hanseníase é uma doença crônica, porém curável, provocada pela bactéria Mycobacterium leprae, apelidada de bacilo de Hansen.
O apelido da bactéria deu-se por conta do médico e bacteriologista norueguês Gehard Hansen, que descobriu a doença em 1873.
A principal característica da doença em relação à infecção é a lentidão com que o bacilo se reproduz, fazendo com que o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas após a exposição à bactéria seja de cerca de 5 anos.
Como o Brasil lidava com a hanseníase?
Os primeiros casos da doença no Brasil foram relatados na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1600. Nessa época, a doença recebia o nome de doença de Lázaro ou lepra, e os acometidos eram chamados de lazarentos ou leprosos, termos que já na época evidenciavam o preconceito em torno dos doentes.
Sem a opção de tratamento que se tem hoje, com a administração de antibióticos, a doença não tinha cura. A solução encontrada na época em que as autoridades resolveram tentar o impedimento da disseminação da doença — o que ocorreu quase dois séculos depois dos primeiros casos —, levou, anos mais tarde, à construção de asilos específicos para abrigar os infectados, cuja internação era compulsória — as pessoas doentes eram obrigadas a permanecer nesses locais, que recebiam o nome de hospitais colônia.
Um deles é o Hospital Colônia de Itapuã (HCI), em Viamão — RS, inaugurado em 1940 pelo presidente Getúlio Vargas. O HCI sempre chamou a atenção por conta do seu tamanho, são 1253 hectares, ficando conhecido como uma minicidade.
A instituição chegou a abrigar mais de 1500 portadores de hanseníase durante seus anos de maior operação. Atualmente cerca de 40 pacientes ainda vivem no local.
Quais são os sinais e sintomas?
Quando diagnosticada e tratada precocemente, é possível evitar as sequelas mais preocupantes, capazes de causar deformações físicas. Por isso, é muito importante ter atenção aos sinais e sintomas. São eles:
- manchas na pele com coloração diversa;
- falta de sensibilidade térmica, dolorosa ou tátil, sem a presença de manchas;
- regiões apresentando ausências de pelos ou diminuição significativa de produção de suor;
- sensação de formigamento nas mãos e nos pés;
- fraqueza muscular (dificuldade para segurar um objeto);
- caroço em qualquer parte do corpo, podendo ser dolorosos e avermelhados.
Como é feito o diagnóstico?
A partir dos sinais e sintomas, o médico realiza o exame físico para confirmar se as áreas afetadas com manchas e/ou lesões estão mesmo sem sensibilidade.
Nos casos em que a falta de sensibilidade térmica, dolorosa ou tátil ocorrem sem a presença de manchas ou lesões, são necessárias outras formas de diagnóstico, como exames laboratoriais e eletrofisiológicos.
Como a hanseníase é transmitida?
A forma infectante da doença só ocorre caso ela não esteja sendo tratada, o que reforça, mais uma vez, a importância do diagnóstico e tratamento precoce para evitar a disseminação da bactéria.
A maioria das pessoas apresentam imunidade contra a bactéria e não desenvolvem a doença. Porém, mesmo que pequena, a parcela que pode desenvolvê-la, chamada de suscetíveis, precisa ser protegida.
A pessoa doente elimina a bactéria através das vias aéreas, quando espirra, tosse ou fala. Antigamente, com os estigmas sociais que os doentes sofriam, era muito comum a falsa informação de que a manipulação de objetos ou alimentos pelos acometidos seriam também contaminados. É comprovado que em tais situações não ocorre a transmissão.
Para que uma pessoa transmita o bacilo para outras, é necessário:
- contato muito próximo e prolongado;
- carga bacilar (quantidade de bactérias) muito alta;
- ausência de tratamento.
A hanseníase não é transmitida por abraços ou por meio do compartilhamento de objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e roupas de cama.
Como enfrentar o estigma social e o preconceito?
A sociedade, ao longo dos anos, sempre demonstrou um estigma sobre os acometidos pela hanseníase, sendo que o tratamento comum era a exclusão social.
As causas prováveis para isso podem ser devido ao aspecto crônico da doença, as sequelas físicas causadas por ela e a desinformação sobre a os modos de transmissão, como o fato de ter existido a internação compulsória nos hospitais colônias.
O preconceito causa muito sofrimento emocional para os acometidos pela doença e seus familiares ou pessoas mais próximas, podendo causar a falta de adesão ao tratamento, o que é extremamente grave.
Diante disso, fica muito clara a importância de campanhas com foco na informação para acabar com o preconceito e o estigma que geram consequências tão negativas para quem já está sofrendo com a doença.
A hanseníase é uma doença muito antiga, que desde os tempos mais remotos causa comoção, mas também levanta estigmas sociais que geram mais sofrimento aos acometidos. As campanhas de saúde que informam e compartilham materiais para elucidação dos aspectos da doença, principalmente quando tratam dos sintomas, da prevenção e dos modos de transmissão, são capazes de minimizar o preconceito. Só com informação é possível alcançar esse objetivo.
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